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Rede de Sementes do Cerrado é referência em conservação do bioma

Não é raro ler notícias sobre a degradação do Cerrado. Recentemente uma delas, publicada na BBC, destacou que é o bioma mais ameaçado do país. No entanto, é importante falar também das iniciativas de preservação

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03 de agosto de 2023

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Fonte: DM Anápolis

O DM Anápolis conversou com a presidente da Rede de Sementes do Cerrado, Camila Motta, mestre em Ecologia pela UNB, que ressalta que dado sua interface com o meio acadêmico, com instituições públicas e privadas e com as comunidades tradicionais, nestas últimas duas décadas, o trabalho desempenhado tornou-se referência no que tange a conservação do Cerrado e a produção de sementes de espécies nativas. 

Os projetos são pensados de forma a fortalecer toda cadeia produtiva de sementes nativas para restauração, com foco nos coletores de sementes, fortalecendo a base e em consequência toda cadeia. Somado a isso, a capacitação em diversos temas, incluindo a parte técnica e conectando coletores de todo Cerrado; a atuação em pesquisa, básica e aplicada, conectando a academia com as comunidades; dentre outras ações. 

É importante ressaltar ainda que a Rede de Sementes do Cerrado é constituída por número ilimitado de associados, distribuídos nas seguintes categorias: fundador, efetivo, colaborador e institucional. Inicialmente ligada ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), a iniciativa foi pioneira na mobilização e capacitação de pessoas para atuarem na coleta de sementes e produção de mudas e sementes nativas. 

Executora do ‘Projeto Águas Cerratenses: semear para brotar’, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) e a Superintendência de Gestão Integrada da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (SEMAD-GO) estabeleceram um importante Acordo de Cooperação Técnica. A iniciativa tem como foco o intercâmbio de experiências, informações e tecnologias entre o Governo de Goiás e a equipe executora do projeto. A intenção é promover a recomposição da vegetação nativa em áreas degradadas em unidades de conservação estaduais e desenvolver estratégias colaborativas para viabilizar a ampliação da restauração ecológica em propriedades rurais.

Quando iniciou as atividades da Rede de Sementes do Cerrado?

A Rede de Sementes do Cerrado (RSC) iniciou suas atividades em 2001 quando o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) financiou a criação de oito Redes em diversos biomas do Brasil. Inicialmente ligada ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), a iniciativa foi pioneira na mobilização e capacitação de pessoas para atuarem na coleta de sementes e produção de mudas e sementes nativas. Em 2004, com o objetivo de promover a conservação da sociobiodiversidade do bioma Cerrado, a RSC foi formalizada como associação civil de direito privado e sem fins lucrativos sendo qualificada como OSCIP- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. 

Desde então tem atuado de forma efetiva para a preservação do bioma?

A RSC tem atuado de forma efetiva em toda a cadeia de produção de sementes, desde a capacitação de coletores até a comercialização e, com o apoio da academia, desenvolve atividades como pesquisas, protocolos e análises das sementes nativas usadas ou propícias à restauração, bem como metodologias aplicadas à restauração com ênfase na semeadura direta nas diferentes fitofisionomias do Cerrado. Dado sua interface com o meio acadêmico, com instituições públicas e privadas e com as comunidades tradicionais, nestas últimas duas décadas o trabalho desempenhado pela Rede de Sementes do Cerrado tornou-se referência no que tange a conservação do Cerrado e a produção de sementes de espécies nativas, principalmente através da promoção ativa da semeadura direta como solução econômica e tecnicamente viável para a restauração ecológica do bioma, contribuindo com isso para discussões de políticas públicas na área. 

Quais os projetos que já foram executados?

Ao longo desses anos, a Rede de sementes do Cerrado já executou em torno de 20 projetos dentre eles o projeto ‘Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade’, que foi financiado pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund).  Atualmente, a RSC executa os seguintes projetos: ‘Águas Cerratenses: semear para brotar’, junto ao Governo do Estado de Goiás; ‘Redário: Rede das Redes de Sementes - comercialização de sementes e articulação com grupos de coletores’; ‘Tecendo Redes e espalhando sementes - fortalecimento e estruturação de grupos’; ‘Funbio – Copaíbas – Estruturação da associação e capacitação de coletores da ACP’; e ‘Restauração inclusiva em escala no Cerrado - Restauração de áreas degradadas incluindo quatro grupos de base comunitária nas atividades e fornecimento de sementes’.

Fale um pouco sobre os resultados das ações, que mais foram relevantes; e como elas inspiram novos projetos e atividades? 

Entre 2017 e 2022 foram comercializadas mais de 50 toneladas de sementes de 100 espécies nativas de ervas, arbustos e árvores. A comercialização destas sementes resultou em  R$1. 279.000,00 repassados à Associação de Coletores Cerrado de pé que conta com mais de 150 coletores dos quais 77% são mulheres.  É importante ressaltar que a Associação Cerrado de pé é formada por pequenos produtores rurais, assentados e quilombolas que vivem na região da Chapada dos Veadeiros (GO). Além da parceria com a Cerrado de Pé, a RSC atua também em outros grupos de coletores de sementes no Cerrado contribuindo com o fortalecimento da cadeia produtiva por meio da capacitação, fortalecimento e estruturação de grupos nos estados de GO, MT, MG, BA, TO e DF. Vale ressaltar que a coleta de sementes tem se mostrado uma alternativa para o complemento de renda de centenas de famílias sendo a produção de sementes nativas de base comunitária com foco final na cadeia da restauração ecológica certificada e premiada como tecnologia social, pela Fundação Banco do Brasil, em 2021. 

 

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