Logo Baru Observatório

Pesquisa da Unicamp aponta resíduos de agrotóxicos no leite humano

Durante seminário realizado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados (foto), medidas imediatas para a redução do uso de agrotóxicos foram apresentadas.

Um placeholder qualquer

Letícia Jury

10 de junho de 2024

Compartilhe nas redes sociais

As pesquisadoras Vanessa Fracaro Menck, Kathleen Grace Cossella e Julicristie Machado de Oliveira publicaram o artigo ‘Resíduos de agrotóxicos no leite humano e seus impactos na saúde materno-infantil: resultados de estudos brasileiros’ na revista científica de segurança alimentar e nutrição da Unicamp (Universidade de Campinas). Segundo o estudo, os resíduos de alguns agrotóxicos podem ser detectados muitos anos após a exposição devido a sua alta estabilidade e característica lipossolúvel. 

O artigo traz a informação que o leite humano é um bom indicador da exposição ambiental e materna em decorrência da sua representativa fração lipídica e consequente presença de diversos xenobióticos. “O objetivo deste artigo foi sistematizar os estudos brasileiros que avaliaram os resíduos de agrotóxicos no leite humano, que estimaram a exposição de gestantes e lactantes aos agrotóxicos e sua relação com desenvolvimento de defeitos congênitos”, diz o Resumo. 

Os estudos foram identificados utilizando-se as seguintes palavras-chave (e seus equivalentes em inglês): “agrotóxicos”, “pesticidas”, “leite materno”, “leite humano”, “gestante”, “recém nascido” e “Brasil”. Foram selecionados 21 estudos, e em todos foi detectada a presença de ao menos um resíduo de agrotóxico no leite humano. Mulheres que tiveram maior número de gestações e que amamentaram por período mais longo apresentaram menores quantidades de resíduos. Exposição ocupacional e dieta rica em alimentos de origem animal, assim como a menor renda e escolaridade dos pais, estão possivelmente associadas a maiores concentrações de resíduos. A exposição durante a gestação mostra-se mais nociva ao desenvolvimento fetal.

Para ler o artigo completo, basta acessar o link Resíduos de agrotóxicos no leite humano e seus impactos na saúde materno-infantil: resultados de estudos brasileiros | Segurança Alimentar e Nutricional (unicamp.br)

Debate 

Durante seminário realizado na última semana pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, debatedores defenderam medidas imediatas para a redução do uso de agrotóxicos. O evento contou com a presença de representantes de diversos ministérios e entidades ligadas à agricultura. A Política Nacional de Agroecologia, vigente há um ano, e o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) foram apontados como respostas efetivas à Lei dos Agrotóxicos.

Durante o evento, a analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Adriana Amaral, ressaltou que no leite materno pode ser encontrado resquícios de agrotóxicos, como apresentado na pesquisa publicada pela Unicamp. Segundo ela,  os agrotóxicos prejudicam a qualidade do solo, da água e afetam a ação de polinizadores, como abelhas.

Cássio Murilo Trovatto, do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, defendeu medidas restritivas para o registro de agrotóxicos banidos no exterior e o fortalecimento do papel regulatório dos órgãos de Saúde e Meio Ambiente. A Lei 14.785/23 atribuiu ao Ministério da Agricultura a coordenação da liberação de defensivos agrícolas, diminuindo a participação da Anvisa e do Ibama para questões técnicas.

Eliane Ignotti, do Ministério da Saúde, destacou que nos últimos dez anos foram registrados 124 mil atendimentos de intoxicação por agrotóxicos, com casos relacionados ao trabalho, acidentes e suicídios devido ao fácil acesso nas residências. 

 

© 2024 Baru Observatório - Alguns direitos reservados. Desenvolvido por baraus.dev.