Logo Baru Observatório

Para especialista, Educação Ambiental é mudança de atitude

Coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental da UniEvangélica, Giovana Tavares, fala sobre projetos, ações e atividades relativas às questões ambientais

Um placeholder qualquer

09 de julho de 2023

Compartilhe nas redes sociais

Educar não se trata de estudar a natureza em si, mas promover uma mudança de atitude. A afirmação vem da coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental Agnes Wadell Chagas da UniEvangélica, Giovana Galvão Tavares. “Transformar as discussões ambientais em algo sério e educar o sujeito para isso é mais sério ainda. Educar não se trata de estudar a natureza em si, quando você fala em educação ambiental, estamos falando de mudança de atitude”, destaca. Neste sentido, expõe a coordenadora: “discutir Educação Ambiental é discutir a relação dos seres humanos com a natureza”. 

Giovana Tavares possui graduação em Geografia, especialização em Geociências, mestrado em Ensino e História de Ciências da Terra e doutorado em Ciências pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas. Ela é professora nos Cursos de Medicina e no Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente, da UniEvangélica. Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, ela fala ao DM Anápolis sobre a importância da Educação Ambiental e os projetos desenvolvidos pelo núcleo, como o Circuito Ambiental, Escola da Natureza, Cine Ambiental e outros. 

A coordenadora enfatiza que a Educação Ambiental é uma ferramenta de mobilização social e acredita que apesar das conquistas, há um longo percurso. “Nós acreditamos que apesar de termos uma política que tem quase três décadas, ela ainda é pouco trabalhada no país. Ela é inovadora em determinados quesitos, e não pode deixar de ser mencionada e discutida”, opina. 

Giovana Tavares, ao longo de toda a entrevista, fez questão de enfatizar: “a Educação Ambiental é uma ferramenta de mudança e mobilização social, já que ela discute questões que são da relação entre seres humanos e natureza e afeta diretamente a questão social, cultural, da saúde pública e vários outros temas”. A coordenadora diz sentir falta de maior mobilização da mídia no que se refere às questões ambientais e o uso de suas potencialidades enquanto educomunicação.  

Quando o Núcleo de Educação Ambiental foi criado e quais são seus objetivos?

O Núcleo foi criado em 2016 no âmbito do programa de Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente, que comporta os programas de Mestrado e Doutorado, porque existia uma exigência do Comitê de Ciências Ambientais da Capes, de que os programas deveriam ter dentro tanto do desenvolvimento de disciplinas, e outras questões, a educação ambiental. Foi criado em 2016, enquanto eu ainda era coordenadora do programa, com o objetivo de desenvolver ações comunitárias e extensionistas para atender a demanda e exigência da Capes. No ano de 2017, a UniEvangélica cria a Política Institucional de Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental, a qual o Regulamento do Núcleo de Educação Ambiental está vinculado. E quando a instituição cria esta política interna, ela fortalece o Núcleo de Educação Ambiental. Isto vai ter um impacto dentro do núcleo, que é justamente ampliação dos seus projetos. Ao longo dos anos, ele se fortaleceu. Se pegarmos do início até hoje observamos o aumento da demanda de atendimento de de escolares e trabalhos com a comunidade externa; buscamos trabalhar projetos com crianças, adolescentes, adultos e idosos. 

O que é o projeto Circuito Ambiental?

O Circuito Ambiental tem por objetivo transformar alguns laboratórios da instituição em estações: de Energia, Meteorológicas, do Solo, da Biodiversidade, Ecológica; e circulamos com os escolares, com os universitários e a população idosa para a discussão de determinados temas. Vou dar um exemplo, fizemos um circuito com os alunos do curso de Arquitetura, preparamos o material sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a cada estação discutimos um ou dois objetivos ligados aquela temática. Fazemos com o curso de Medicina, por exemplo, sobre Saúde Planetária, e em cada estação fazemos discussões,  discutimos sobre mudanças climáticas e qual impacto na saúde do ser humano; sobre a biodiversidade, fazemos uma discussão sobre o Cerrado e a produção de medicamentos ou os fitoterápicos. 

O projeto Escola da Natureza, o que consiste?

Escola da Natureza, que funciona na Estação Experimental do Cerrado, na Fazenda Betel. Trabalhamos com crianças em vulnerabilidade social. Elas vão para aula pela manhã e à tarde participam das atividades que acontecem na Fazenda Betel, são aulas de música, reforço, dentre outras; e este projeto que tem a professora Vivian Braz a frente; que está dentro do Núcleo de Educação Ambiental. O projeto busca compreender que a concepção de natureza se dá pelo convívio com a natureza, se trabalha a percepção e o sentido das crianças quanto aos elementos naturais. São várias ações, que acontecem a cada 15 dias; há os acampamentos de inverno e verão, para as crianças entenderem as diferenças das estações, os cantos dos pássaros, transformação do bioma Cerrado, ao longo de cada ano. 

Vocês trabalham a Educação Ambiental também com idosos?

É um trabalho que realizamos todas as sextas-feiras à tarde, em que desenvolvemos as ações de educação ambiental junto a Universidade Aberta da Pessoa Idosa, e quem está na coordenação é a professora Maria Gomide; este projeto é um pouco diferente, trabalhamos questões e temáticas voltadas à fitoterápicos fazemos trilhas. E também temos outros projetos, como o Sarau Ambiental, que fazemos anualmente no dia do Cerrado, dia 11 de Setembro; os projetos que trabalhamos com os cursos; temos o nosso podcast, com assuntos e temáticas ambientais do ano, voltados aos cursos de Graduação, que irão fazer o ENAD, para que possam ter conhecimentos sobre elementos específicos ambientais que podem cair nas provas como conhecimentos gerais. 

O Núcleo tem o projeto Cine Ambiental, que irá realizar uma ação alusiva ao Dia Mundial do Meio Ambiente nesta segunda-feira?

Sim, aproveitamos para convidar a todos, pois teremos um Cine Ambiental no dia 5, na praça da UniEvangélica. Trabalhamos temáticas que são ligadas ao cotidiano das pessoas; fazemos em praças públicas; para os universitário da UniEvangélica; para as escolas municipais. A temática que estamos discutindo nas escolas é sobre Resíduos, temos um documentário de quase 20 minutos e fazemos uma atividade com estes alunos, para que possam compreender; e uma atividade sobre reflexão sobre os resíduos que eles produzem, como tratam e dispensam esses resíduos, e como eles observam a cidade a partir dessa discussão. 

Vocês atendem demandas e solicitações?

Nós também atendemos uma demanda das instituições que nos convidam para fazer alguma atividade, por exemplo de cursos de Graduação da própria universidade, sobre alguma fala de temática ambiental; demandas de instituições, organizações não governamentais, que queiram fazer alguma discussão e precisam do nosso auxílio; da prefeitura, participamos de seus eventos; assim como eventos nacionais, que envolvem várias universidades brasileiras, como a que trata da Semana do Cerrado. 

São várias temáticas trabalhadas pelo Núcleo?

Sim. Por exemplo, trabalhar com a temática das mudanças climáticas no campo da Saúde Planetária, é muito importante, porque discutimos uma infinidade de questões. Primeiro o que causa e depois quais são as suas consequências. A temática não é única. Se você pensar em uma temática geradora, você observa que ela vai envolver muitas questões que ultrapassam a natureza em si. Discutir Educação Ambiental é discutir a relação dos seres humanos com a natureza. A Política Nacional prevê a Educação Ambiental enquanto tema transversal e aponta que ela deve ser tratada nos ambientes formais e informais, não como estudo da natureza, mas da relação dos seres humanos com a natureza. 

 

© 2024 Baru Observatório - Alguns direitos reservados. Desenvolvido por baraus.dev.