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Biodiversidade do Sítio Piancó: de área devastada pela monocultura da soja a exemplo de reflorestamento

Piancó em em tupi-guarani significa “o pássaro que canta”. Foi esse o nome escolhido pelo casal Caitano e Flávia que trouxeram de volta o verde vivo em uma área degrada do Cerrado.

Um placeholder qualquer

Letícia Jury

06 de novembro de 2024

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Ao observar as imagens de satélite do antes e depois do Sítio Piancó, é possível compreender o verdadeiro significado de reflorestamento. Uma área que até 2008 era essencialmente destinada ao cultivo de soja tornou-se uma propriedade com rica biodiversidade de fauna e flora. Quem contou essa história ao Baru foi Valdivino Caitano da Silva, que, juntamente com sua esposa Flávia Christina, são os proprietários do sítio.

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Logo no início da entrevista, ele destaca que o Sítio Piancó é uma pequena propriedade da Família Alcântara Caitano, situada na zona rural do município de Anápolis, no estado de Goiás. O nome é uma homenagem ao ribeirão que banha a propriedade e abastece a cidade de Anápolis, e que em tupi-guarani significa “o pássaro que canta”.

Valdivino Caitano da Silva recorda que quando comprou o sítio as primeiras ações foram a limpeza do local, construção de curvas de nível, retirada de detritos e resíduos acumulados ao longo de anos de exploração para o cultivo da soja. "Inicialmente plantamos mais de 2 mil árvores nativas. A reserva legal foi formalizada em 2010 e hoje está completamente recuperada, abrangendo mais de 30% da propriedade", detalha.

O pomar da propriedade conta com quatro variedades de frutíferas, sendo: 100 pés de Caqui Rama Forte, com uma produção de 500 kg/ano,  36 pés de Manga Tomy, com produção de 2.000 kg/ano, 1.400 pés de Pitaya, com produção de 4.000 kg/ano,  e 130 pés de Lichia.

"Nosso apiário conta atualmente com 10 colmeias africanizadas/europeias, com uma produção de 500 kg de mel por ano", afirma Valdivino que acrescenta que a previsão de produção da geleia de pitaya, outro produto do sítio, é de 600 potes de 240 g em 2024 e 2025.

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Baru - São 15 anos! Como você observa o sítio em 2009 e hoje?

Valdivino Caitano da Silva - Recém-chegado da Europa, onde passei 10 anos, tivemos a oportunidade de encontrar esse sítio à venda às margens do Ribeirão Piancó. Naquela época, assim como hoje, predominava a monocultura de soja, que circunda pequenos produtores de hortifrúti. Apesar de termos encontrado uma terra extremamente degradada pelo cultivo da soja, vislumbramos nela um potencial para revitalização. Em 2009, iniciamos imediatamente um plano de reflorestamento, reservando aproximadamente 50% da propriedade para o plantio de árvores nativas, somando mais de duas mil, e o restante para árvores frutíferas.

Baru - Quais as transformações positivas, de tudo o que vocês fizeram e, ao mesmo tempo, negativas como as mudanças climáticas e a degradação do Cerrado?

Valdivino Caitano da Silva - As transformações foram e continuam sendo positivas a curto e principalmente a longo prazo. Apesar de representar uma ação pequena em meio a tanta degradação, valeu e continua valendo a pena. Conseguimos revitalizar mais de 2 hectares com o plantio de árvores nativas e proteger as margens do ribeirão que corta a propriedade, que, até 2009, sofria com o assoreamento causado pelo desmatamento. Apesar do avanço da monocultura na região, que vem exterminando o Cerrado e tudo que nele vive, temos conseguido manter esse pequeno pedaço de terra verde e vivo, trazendo de volta animais que já haviam abandonado o local, como o tamanduá-bandeira, o teiú, raposas, quatis, lontras, capivaras, entre outros.

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Baru - O que te levou a fazer o reflorestamento?

Valdivino Caitano da Silva - O que nos levou a iniciar e continuar esse trabalho de reflorestamento e revitalização foi e continua sendo a necessidade de transmitir aos nossos filhos e netos a importância de viver em harmonia com a natureza, para que um dia possamos deixar o mundo um pouco melhor do que encontramos, como ensinou Baden Powell.

Baru - Fale sobre a fruticultura: Quais frutas são cultivadas? São comercializadas? Quantas pessoas participam desse cultivo?

Valdivino Caitano da Silva - Atualmente, nosso pomar conta com quatro variedades de frutíferas: pitaya, manga, caqui e lichia, totalizando mais de 1.500 árvores em plena produção. Toda a produção é vendida no mercado local, envolvendo a mão de obra direta de três pessoas: minha esposa Flávia, eu, nosso caseiro, Sr. Edson, além de nossos filhos e netos.

Baru - Fale sobre a apicultura?

Valdivino Caitano da Silva - Além da fruticultura, temos também um apiário com capacidade para produzir 500 kg de mel por ano, incluindo o exclusivo mel de flores de pitaya, mel de flores de cipó-uva e mel de manga.

Baru - Quais são suas expectativas para o futuro?

Valdivino Caitano da Silva - Nossas expectativas são plantar pelo menos 200 novas árvores nativas a cada ano, até não haver mais espaço sem árvores. Também queremos investir em energia renovável, como a solar, para tornar nosso sistema de irrigação por gotejamento cada vez mais sustentável. Estamos em busca de doação de mudas para iniciar o plantio ainda no mês de novembro.

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