Observatório do Clima: relembre dez fatos ambientais de 2023, o ano em que a Terra se vingou da humanidade
'O ano mais fresco do resto de nossas vidas' é o título da matéria postada pelo Observatório do Clima. Logo no lead: "a internet não perdoa. Quando saíram os primeiros indicativos das agências climatológicas internacionais de que 2023 poderia ser o ano mais quente da história, começou a pipocar nas redes sociais uma frase tão divertida quanto sombria: “o ano mais quente da história… e o mais fresco das próximas décadas”.
21 de dezembro de 2023
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A matéria lista dez acontecimentos climáticos, em uma espécie de Retrospectiva, sendo eles:
1 - Ebulição Global
No início de novembro, manchetes destacaram que 2023 provavelmente seria o ano mais quente em 125 mil anos. A declaração veio do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia e foi confirmada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) no fim do mês. Em dezembro, o Copernicus apontou que 2023 já apresentou uma anomalia de 0,58 °C em relação a 1991-2020. Até novembro, a temperatura média do ano já era 1,46°C maior do que o nível pré-industrial (1850-1900). Até o fim daquele mês, a temperatura média global havia ultrapassado 1,5°C em 43% dos dias. Em 17 e 18 de novembro, a temperatura global atingiu mais de 2°C acima da média pré-industrial pela primeira vez. A OMM informa ainda que os últimos nove anos, entre 2015 e 2023, foram os mais quentes já registrados.
2 - Surpresa na COP do Petróleo
Foi muito menos do que a sociedade civil e países-ilhas demandavam. Também muito menos do que o planeta precisa para ter uma chance de estabilizar o aquecimento em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais e minimizar o colapso climático. Ainda assim, a COP28, a conferência do clima da ONU de Dubai, adotou um texto que nomeia os combustíveis fósseis, principais responsáveis pela crise do clima, pela primeira vez em 30 anos. A COP28, com os pés fincados no solo de um petroestado, os Emirados Árabes Unidos, e sob a liderança do Sultan Al-Jaber, presidente da conferência e CEO da petroleira estatal Adnoc, convocou os países a “fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos de uma maneira justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de forma a atingir emissão líquida zero até 2050, em linha com a ciência”.
3- Faz o M
No começo de 2023, um cauteloso João Paulo Capobianco afirmou numa reunião ministerial que a taxa de desmatamento na Amazônia neste ano deveria ser maior do que no ano passado, apesar da retomada do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento, o PPCDAm. O cuidado do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente se justificava pela explosão dos alertas de desmate no segundo semestre de 2022: alta de 54%, diante da perspectiva do fim da mamata para os desmatadores com a possibilidade de derrota de Jair Bolsonaro na eleição. Dez meses de Ibama trabalhando depois, o sistema Prodes, do Inpe, mostrava uma queda de 22% na taxa. Os 9.001 km2 de floresta derrubada em 2023 (contra 11.954 km2 no ano anterior), portanto, incluem a “herança maldita” do segundo semestre de 2022. A taxa deste ano é a menor desde 2019 e põe o Brasil no rumo de cumprir sua meta climática em 2025 (que demanda 50% de redução). Com o relançamento do PPCDAm, os autos de infração do Ibama por crimes contra a flora aumentaram 104%, os embargos cresceram 31% e a destruição de equipamentos usados em ilícitos subiu 41%.
No Cerrado, com as autorizações para desmatamento emitidas por estados e municípios fora de controle, o aumento de apenas 3% em relação ao ano anterior (representando estabilidade na taxa) também surpreendeu. O período de agosto de 2022 a julho de 2023 registrou 11.011,69 km2 de derrubada, contra 10.688 km2 no ano anterior. Apesar de a estabilidade ser um sinal positivo em um cenário de descontrole, a taxa de derrubada no segundo maior bioma brasileiro superou a da Amazônia – em um com menos da metade do tamanho. A nova versão do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), lançada em novembro, tem o desafio de avançar no combate à supressão de vegetação amparada pela lei. Diferentemente da Amazônia, o Cerrado tem apenas 20% de reserva legal, o que expõe 80% do bioma ao desmatamento legal.
Quer saber quais foram os outros acontecimentos? Então acessa a matéria completa no site Observatório do ClimaO ano mais fresco do resto de nossas vidas - OC | Observatório do Clima