Lixo ameaça o Rio Meia Ponte
Comurg não sabe estimar volume que recolhe do manancial que abastece a Região Metropolitana, mas em seus afluentes são retirados 500 quilos de resíduos por dia
17 de janeiro de 2024
Compartilhe nas redes sociais
Cerca da metade da população goiana depende diretamente do Rio Meia Ponte, mas o nível de conscientização ainda deixa muito a desejar. Em 2023, somente em duas etapas da Expedição Rio Meia Ponte, promovida pela Câmara Municipal de Goiânia, uma iniciativa da vereadora Kátia Maria (PT), foram retiradas 92 toneladas de lixo das margens e do leito do manancial. Por dia, a Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) retira, em média, 500 quilos de resíduos nos córregos da capital, a grande maioria afluente do Rio Meia Ponte.
Foi esse drama ambiental que levou a vereadora Kátia Maria a propor a ação científica, ao lado de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Instituto Federal de Goiás (IFG) e da Saneago. Na primeira etapa da Expedição Rio Meia Ponte, em março, foram identificados os pontos de degradação, de assoreamento, de descarte irregular de lixo e de esgoto, de ocupação e de desmatamento indevido. Os pesquisadores recolheram amostras da água, do solo, da fauna e da flora para identificação das condições do rio. Ao apresentar em junho o relatório batizado de Carta das Águas do Meia Ponte, Kátia Maria afirmou que se encontra numa “situação crítica”. O documento foi entregue às autoridades competentes.
Em setembro, uma nova fase da expedição foi realizada para avaliar as condições do rio no período de estiagem. Como na etapa inicial, voluntários e servidores da Comurg se uniram para retirar lixo do Rio Meia Ponte. Nos quatro dias de trabalho, foram mais de 92 toneladas de resíduos, entre eles 437 pneus. As ecobarreiras (leia mais nesta página) foram importantes aliadas. Sem caráter fiscalizatório e punitivo, as ações da Câmara de Vereadores realizou ainda atividades de educação ambiental em nove escolas de bairros que margeiam o rio e em pontos fixos, envolvendo mais de 800 pessoas.
Este é o caminho que também deve seguir em 2024 o grupo Guardiões do Rio Meia Ponte, um movimento independente que surgiu em 2019 com o objetivo de reforçar as ações para salvar o rio. “Queremos focar muito em educação ambiental dentro das escolas próximas ao manancial em toda a sua extensão e também melhorar o contato com a sociedade através da internet”, explica o engenheiro ambiental Ernesto Renovato. Ele elogia a iniciativa da vereadora Kátia Maria que produziu um documento científico que ficará para as gerações futuras, mas lembra que é preciso mais ação por parte do poder público. “Em 2017 eu escrevi um artigo falando que o Rio Meia Ponte iria secar e nada mudou, não há ações efetivas para evitar que isso aconteça. Nada sai do papel.”
O ambientalista acredita que o ano de 2024 será muito difícil em termos de calor e de fornecimento de água. “Antes, tínhamos chuvas durante uma semana inteira. Agora, chove em um dia o que deveria chover durante todo o mês e isso não dá volume aos rios. Com os temporais, o rio alcança um pico de vazão e depois retorna. É o que estamos vendo com o Meia Ponte, que está assoreado e poluído”, lamenta Ernesto Renovato. O engenheiro também é integrante do grupo Plantadores de Água, um coletivo de pessoas dedicado a recuperar áreas degradadas e nascentes na região metropolitana da capital. “Fazemos um trabalho de formiguinha, mas com as construções aprovadas pelo poder público, as ações de proteção estão ficando mais difíceis.”
Leia a matéria completa no opopular.com.br