Desnutrição persiste entre crianças yanomamis, mas casos são menos extremos
Em um ano de emergência no território, principal destino de casos graves segue recebendo indígenas com doenças associadas à fome
13 de janeiro de 2024
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O Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista (RR), é um dos principais termômetros da crise humanitária enfrentada pelos yanomamis. Com alas minimamente adaptadas aos indígenas, equipadas com redários, e leitos de UTI, a unidade é a única em Roraima que recebe crianças com desnutrição grave e com doenças oportunistas da fome —pneumonia, anemia e diarreia.
A Folha esteve na ala dos yanomamis em janeiro de 2023, quando a crise de saúde havia atingido o ápice, e retornou ao hospital nesta quinta-feira (11), quase um ano depois da declaração de emergência em saúde pública pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num momento em que o garimpo retoma a força na terra indígena, com impacto direto na saúde comunitária.
Os médicos afirmam que a desnutrição persiste entre as crianças yanomamis, conjugada a outras doenças, e de forma grave. Mas, segundo os profissionais de saúde, não há mais predominância de situações extremas, com quadros mais estabilizados no momento do ingresso no hospital na capital de Roraima.
O que os médicos dizem é visível para quem esteve na ala dos yanomamis em janeiro de 2023 e em janeiro de 2024.
Há um ano, a reportagem encontrou crianças magérrimas e em exaustão pelo quadro de diarreia e pneumonia, boa parte delas sem as mães, também com desnutrição grave e internadas em outros hospitais.
A ala com redários continua abrigando crianças yanomamis desnutridas, mas em situações menos extremas. Desta vez, elas estavam acompanhadas das mães. As equipes de saúde se mostravam mais otimistas quanto à recuperação, com período médio de internação de sete a nove dias.
O fluxo de pacientes internados com desnutrição, desidratação, pneumonia, bronquiolite, anemia, diarreia e malária foi maior em 2023 em comparação com 2022, o que indica a persistência da crise humanitária na terra yanomami, ainda distante de indicadores minimamente satisfatórios de saúde.
A quantidade maior de internações se refletiu numa quantidade maior de mortes de crianças. Em 2022, 703 crianças yanomamis foram internadas no Hospital da Criança; 26 morreram, pelos dados atualizados. Em 2023, primeiro ano da emergência em saúde pública, declarada pelo governo em 20 de janeiro, foram 958 internações e 37 óbitos, conforme a administração do hospital.
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