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2023, ano mais quente da história, teve média 1,48°C acima dos níveis pré-industriais

Jornal O Popular trouxe matéria sobre o ano de 2023, que teve temperaturas excepcionalmente altas em diversos pontos do planeta, inclusive nos oceanos.

10 de janeiro de 2024

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O observatório Copernicus, da Agência Espacial Europeia, confirmou aquilo que os dados preliminares já antecipavam: 2023 foi o ano mais quente desde o começo da série histórica, em 1850. Com temperaturas excepcionalmente altas em diversos pontos do planeta, inclusive nos oceanos, 2023 registrou média global de 14,98°C, superando em 0,17°C o recordista anterior, 2016.

Na apresentação do relatório, na manhã desta terça-feira (9), o diretor do Copernicus, Carlo Buontempo, destacou a dimensão dos resultados climáticos divulgados: "2023 foi, por uma larga margem, o ano mais quente da nossa documentação, que remonta à década de 1940, mas não é apenas isso. Provavelmente, acabamos de passar pelo ano mais quente da nossa história [humanidade]. E, possivelmente, o mais quente ou um dos mais quentes dos últimos 100 mil anos".

 

Buontempo explica que o recorde significa que as atividades humanas nunca tiveram de lidar com um clima tão quente. "Simplesmente não havia cidades, livros, agricultura ou animais domesticados da última vez que as temperaturas foram tão altas. Isso exige uma que repensemos de forma fundamental a maneira como avaliamos nosso risco ambiental", diz.

O diretor do Copernicus chamou a atenção para a necessidade urgente de limitar as emissões globais."A menos que nós consigamos rapidamente estabilizar a concentração de gases-estufa na atmosfera, nós não podemos esperar resultados diferentes daqueles que vimos nos últimos meses. Pelo contrário, seguindo a trajetória atual, em alguns anos, o ano de recordes de 2023 provavelmente será lembrado como um ano fresco", alertou.

Embora as elevadas concentrações de gases-estufa sejam a principal causa do aquecimento global, o retorno do fenômeno climático El Nino também contribuiu para a subida dos termômetros em 2023.

Nos três anos anteriores, tinha havido a ocorrência de seu oposto, o La Niña, que favorece o esfriamento. Uma análise de dados feita pela Folha de S.Paulo mostrou que, mesmo com o recorde registrado neste ano, a Terra viveu cinco El Niños mais severos do que o atual nos últimos 70 anos. Ou seja, a temperatura global em 2023 já estava muito alta, mesmo sem levar em conta a intensidade do fenômeno.

"O ano de 2023 já excepcional sem o El Niño. Quando olhamos em particular para as temperaturas dos oceanos, as temperaturas ao longo do Atlântico, já excluindo as regiões próximas das águas polares, nós tivemos valores recordes a partir de abril. E isso foi antes do El Niño ser declarado [o que só aconteceu em julho]", disse Samantha Burgess, diretora adjunta do serviço de Mudanças Climáticas Copernicus.

O ano passado foi também o primeiro em que todos os dias superaram em 1°C os níveis pré-industriais (1850-1900). Esse período, que antecede o início das grandes emissões de gases-estufas trazidos com a Revolução Industrial, é a principal medida de comparação do aquecimento utilizada pelos especialistas.

Em 2023, quase metade dos dias estiveram mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Em novembro, pela primeira vez na séria histórica, houve dois dias em que os valores foram superiores em 2ºC.

Em 2015, a comunidade internacional se comprometeu, através do Acordo de Paris, a manter o aumento global de temperaturas bem abaixo dos 2ºC em relação aos valores pré-industriais, preferencialmente limitado a até 1,5°C.

Segundo os especialistas do Copernicus, embora 2023 tenha registrado cifras superiores às acordadas, isso não significa que os limites do pacto foram ultrapassados, uma vez que os limites estabelecidos pelo Acordo de Paris "se referem a períodos de pelo menos 20 anos em que essa anomalia de temperatura média é ultrapassada".

Os cientistas reconhecem, contudo, que o cenário em 2023 "abre um precedente terrível". No ano passado, a temperatura média foi 1,48ºC acima dos níveis de 1850-1900. O resultado é 0,60ºC superior à média do período entre 1991 e 2020.

Com sucessivas ondas de calor ao redor do globo, recordes históricos foram quebrados desde a metade do ano passado. As marcas de dia e mês mais quentes já registrados pertencem a julho, devido ao calor extremo registrado durante o verão do hemisfério Norte.

Leia a matéria completa no portal www.opopular.com.br

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