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IBGE divulga dados que relacionam queda de produção a efeitos climáticos. O que isso significa?

Por que chegamos a esse ponto? São inúmeros os motivos que explicam a ocorrência de eventos climáticos, mas vamos citar apenas alguns: o uso indiscriminado de agrotóxicos, o desmatamento excessivo, as queimadas e o desrespeito à legislação ambiental, que contribuem decisivamente para esses efeitos adversos.

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15 de março de 2024

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Letícia Jury

"Neste início de 2024, continuamos a observar os efeitos dos eventos climáticos ocorridos no ano passado, como o excesso de chuvas na região Sul e a escassez delas no Centro-Oeste e no Norte. Além disso, devido ao alto volume de produção de soja no país, a redução de 0,8% na variação mensal teve um grande impacto no resultado geral, assim como as quedas nas estimativas de produção de trigo e milho".

Essas foram as observações feitas pelo gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, Carlos Barradas, sobre a pesquisa realizada pelo IBGE e divulgada sobre a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, que deve totalizar 300,7 milhões de toneladas em 2024. Isso representa uma redução de 4,7%, equivalente a 14,7 milhões de toneladas, em relação à safra de 2023, que atingiu 315,4 milhões de toneladas. Em comparação com janeiro, a estimativa registrou uma queda de 0,9%, o que representa um decréscimo de 2,7 milhões de toneladas.

O que essa informação significa?

Significa que o Brasil, reconhecido como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, enfrenta constantes desafios relacionados às variações climáticas que afetam diretamente a produção agrícola do país. As mudanças climáticas globais têm intensificado fenômenos como secas prolongadas, chuvas irregulares e extremas, temperaturas elevadas e eventos climáticos extremos, como furacões e tempestades. Esses padrões climáticos impactam diretamente diversas culturas agrícolas brasileiras, desde a soja e o milho até o café e a cana-de-açúcar.

A região do Cerrado, conhecida como a "fronteira agrícola" do Brasil, tem sido especialmente afetada. Secas severas e aumento da temperatura têm desafiado a produtividade das safras, exigindo técnicas de manejo mais avançadas e sistemas de irrigação mais eficientes. Além disso, o aumento das temperaturas afeta negativamente o ciclo de vida das culturas, levando a uma redução na qualidade e no rendimento das colheitas.

Mas por que chegamos a esse ponto?

São inúmeros os motivos que explicam a ocorrência de eventos climáticos, mas vamos citar apenas alguns: o uso indiscriminado de agrotóxicos, o desmatamento excessivo, as queimadas e o desrespeito à legislação ambiental, que contribuem decisivamente para esses efeitos adversos.

O uso desenfreado de agrotóxicos é uma prática comum em muitas regiões agrícolas, com o objetivo de aumentar a produtividade das plantações e combater pragas. No entanto, esses produtos químicos podem ter consequências devastadoras para o meio ambiente e para a saúde humana. Eles contaminam o solo, os cursos d'água e até mesmo o ar, causando danos aos ecossistemas e afetando a biodiversidade. Além disso, o uso excessivo de agrotóxicos pode levar à resistência de pragas, tornando-os menos eficazes ao longo do tempo.

O desmatamento, ou seja, a remoção de florestas para dar lugar a áreas de cultivo ou pastagem, reduz a capacidade do solo de reter água e aumenta sua susceptibilidade à erosão. Isso pode levar à degradação do solo, diminuindo sua fertilidade e prejudicando a produtividade agrícola a longo prazo. Além disso, o desmatamento contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, agravando as mudanças climáticas e seus impactos na agricultura.

As queimadas também desempenham um papel significativo nos efeitos climáticos na agricultura. Incêndios florestais, muitas vezes causados pelo desmatamento ilegal e pela limpeza de terras para agricultura, liberam grandes quantidades de carbono na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Além disso, a fumaça resultante das queimadas pode afetar a qualidade do ar e prejudicar a saúde das pessoas que vivem nas proximidades.

E, por fim, o desrespeito à legislação é uma preocupação séria quando se trata dos efeitos climáticos na agricultura. Leis e regulamentos destinados a proteger o meio ambiente muitas vezes são ignorados em busca de lucro rápido, resultando em danos irreparáveis aos ecossistemas e à biodiversidade. Sem uma fiscalização adequada e a aplicação rigorosa das leis ambientais, as práticas prejudiciais à agricultura e ao meio ambiente continuarão a causar estragos.

Foto: Gilson Abreu (Divulgação IBGE)

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