"Hoje lidamos com os fragmentos do Cerrado em pé", diz Sinomar Fonseca
Ele que representa uma gama de artesãos sustentáveis que trabalham com a colheita, beneficiamento e produção de itens que utilizam a matéria-prima do Cerrado, destaca a importância de escolher candidatos que se preocupam com a questão ambiental.
Letícia Jury
30 de setembro de 2024
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Sinomar Messias Fonseca representa uma gama de artesãos sustentáveis que trabalham com a colheita, beneficiamento e produção de itens que utilizam a matéria-prima do Cerrado. Com poucos dias para as eleições municipais, que escolherão prefeitos e vereadores em todo o país, ele destaca: "Hoje sentimos na pele a necessidade de políticas públicas efetivas para a saúde do planeta e da nossa própria sobrevivência. É impossível não buscar ferramentas políticas que ajudem na conservação e preservação ambiental para mitigar os problemas existentes."
Em sua avaliação, é urgente escolher candidatos comprometidos com a sustentabilidade — econômica, social e ambiental. "Mesmo que não sejam da área ambiental, candidatos de outras áreas, como a saúde, devem trabalhar com equipes multidisciplinares que também se comprometam com as questões ambientais", defende.
"Em um contexto local, nós que trabalhamos com o Cerrado em pé nos vemos obrigados a lidar com os fragmentos de Cerrado que ainda existem na zona urbana de Anápolis. Conseguimos colaborar fornecendo matéria-prima para artesãos de Goiânia, Alexânia e Olhos D'Água, fragmentos que, aos poucos, estão sendo estrangulados pelo crescimento populacional e pela falta de fiscalização das leis que os protejam", lamenta.
Questionado sobre as queimadas intensas e a ausência de políticas públicas efetivas de mitigação dos impactos e fiscalização, ele afirma que essas questões afetam não apenas a coleta de sementes, cápsulas e folhas, mas também limitam o desenvolvimento da arte.
Para Sinomar Fonseca, todo um microsistema desses fragmentos, apesar de sua aparência rústica e retorcida, precisa da ajuda de todos para sua sobrevivência, principalmente de políticas públicas que considerem os saberes tradicionais, frequentemente relegados e invisibilizados. Em sua avaliação, a arte que vem do Cerrado precisa ser protagonista nos planos municipais e ter amplo acesso no legislativo.
*Na foto, juntamente com Sinomar Fonseca, as artesãs Maria do Cerrado, de Goiânia; e Ivanildes Reis de Alexânia.