As marcas de moda globais H&M e Zara estão ligadas ao uso de algodão associado à grilagem de terras, desmatamento ilegal, violência, violações de direitos humanos, corrupção e trabalho escravo no Brasil. A produção de algodão ocorre principalmente no oeste da Bahia, onde o Cerrado brasileiro está sendo desmatado ilegalmente para expandir as plantações, com o desmatamento dobrando nos últimos cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A denúncia foi feita no relatório "Fashion Crimes" da Earthsight, publicado recentemente, que investigou os negócios que conectam as plantações brasileiras às marcas europeias ao longo de um ano. O Cerrado, um dos maiores biomas do Brasil, abrange cerca de 25% do território nacional, mas vem sofrendo com altas taxas de desmatamento, perdendo 11 mil km² em 2023, o maior número desde 2015.
O algodão contaminado nas cadeias de abastecimento da H&M e Zara é certificado como ético pelo sistema Better Cotton, o maior sistema de certificação de algodão do mundo, mas não conseguiu detectar as ilegalidades cometidas pelas empresas que cultivam o algodão ilegalmente no Brasil. O relatório sugere que a regulamentação pelos governos dos mercados consumidores ricos é necessária para garantir a sustentabilidade e a legalidade nas cadeias de abastecimento de algodão da moda.