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Inovação: sensor portátil detecta níveis de agrotóxicos nos alimentos

Jornal Opção publica matéria sobre o sensor que monitora os níveis de agrotóxicos diretamente na casca dos vegetais. É uma peça feita de acetato de celulose, material produzido a partir da polpa de madeira, que pode ajudar a garantir a segurança dos alimentos.

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27 de dezembro de 2023

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A pesquisa das universidades de São Paulo (USP) e Federal de Viçosa (UFV) foi publicada recentemente na revista Biomaterials Advances. As ferramentas geralmente utilizadas para analisar a concentração dos agroquímicos são as técnicas cromatográficas, cujas amostras precisam passar por pré-tratamento,  demandam instrumentos caros e especialistas qualificados. Pela longo tempo de análise e porque as técnicas cromatográficas não são portáteis, produtores rurais frequentemente deixam de medir o nível de toxicidade de seus produtos, que vão parar na mesa do consumidor. 

Os sensores eletroquímicos desenvolvidos por Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e coordenador da pesquisa, são uma alternativa mais viável. Combinando economia, rapidez, produção em larga escala e o fato de serem portáteis, os detectores de acetato de celulose conseguem encontrar agroquímicos diretamente no local do teste, sem necessidade de preparar de antemão as cascas e folhas dos alimentos. 

A inovação também foi publicada no portal Canal Rural, que trouxe a entrevista dos pesquisadores, que compartilhamos abaixo: 

“Como alternativa, os sensores eletroquímicos podem combinar economia, detecção rápida, miniaturização, produção em larga escala, conveniência, praticidade, alta seletividade e detecção de agroquímicos no local, permitindo a análise diretamente na casca e nas folhas dos alimentos com sensores vestíveis nas plantas – e foi o que fizemos”, conta Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e coordenador da pesquisa.

“Mas, em vez de materiais tradicionais ambientalmente insustentáveis e que necessitam de muito tempo para se degradar, como os cerâmicos ou plásticos derivados do petróleo, utilizamos o acetato de celulose, material de origem vegetal que tem baixo impacto ambiental e se desintegra completamente em 340 dias, dependendo das condições do local. Além de possuir, é claro, as características apropriadas para sensores, incluindo baixo custo, portabilidade e flexibilidade”, complementa.

Eficiência da lavagem

O estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) investigou ainda a eficiência da lavagem e da imersão dos vegetais em um litro de água por duas horas para remover o defensivo. Foram removidos cerca de 40% de carbendazim e 60% de paraquate da folha de alface, enquanto na superfície do tomate foram eliminados 64% de ambos os defensivos. Da casca do tomate, no entanto, os resíduos não foram completamente retirados.

“Todos os resultados indicam que as etapas de lavagem e imersão não foram suficientes para remover os resíduos de defensivos. Pelo menos 10% das substâncias permaneceram na casca do alimento”, diz Raymundo.

De acordo com o pesquisador, a tecnologia poderia ser útil para agências internacionais de vigilância sanitária, produtores de orgânicos para certificação da ausência de defensivos e, principalmente, produtores rurais, com a função de monitorar os níveis de agroquímicos no campo com a aplicação da dose necessária em cada ponto da lavoura. Dessa forma, seria possível diminuir o uso dessas substâncias e aumentar a produtividade, levando ainda a uma redução do preço final ao consumidor.

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