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Ribeirinhos filmam peixes mortos no Rio Araguaia; dois tinham chips implantados na barriga

Os animais foram encontrados boiando às margens do Rio, em São José dos Bandeirantes, distrito de Novas Crixás. Um dos ribeirinhos chega a abrir uma das piraíbas e retirar o rastreador

08 de setembro de 2023

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Ribeirinhos encontram peixes mortos nas margens do Rio Araguaia, dois deles são da espécie piraíba e estavam com chips de monitoramento implantados neste mês pelo projeto Piraíbas, com autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). 

Por meio de nota, publicada nas redes sociais, o Instituto Piraíba lamentou o registro de óbitos das duas piraíbas marcadas com transmissores de telemetria neste mês de setembro. 

“Até o momento, marcamos mais de 200 peixes com tags e 22 com radiotransmissores. Infelizmente, 02 (duas) piraíbas marcadas em setembro de 2023 vieram a óbito após a liberação”, diz o comunicado. 

Em vídeos, que estão circulando nas redes sociais, os animais são encontrados boiando às margens do Rio Araguaia, em São José dos Bandeirantes, distrito de Novas Crixás, ao longo da divisa de Goiás com o Mato Grosso. Um dos ribeirinhos chega a abrir um dos animais e retirar o rastreador. (Veja no topo da matéria)

Vale ressaltar que além das piraíbas encontradas mortas, outros peixes de diferentes espécies foram encontrados mortos. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) não informou a quantidade, mas disse estar acompanhando o caso. Já o Instituto Piraíba, afirmou não ter relação com o projeto.

“Além dos dois peixes marcados que vieram à óbito, outros não marcados, sem relação com as atividades do projeto, também foram encontrados mortos no mesmo período. Reconhecemos que, além das lacunas em nosso conhecimento sobre o comportamento da piraíba, ainda não avaliamos completamente os efeitos da captura pela pesca, manuseio e a mortalidade resultante da marcação eletrônica”, disse o Instituto Piraíba. 

Por meio de nota, a Semad informou que o caso será investigado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), mas afirmou que a pasta acompanha as apurações.

O Projeto Piraíba foi idealizado pelo Instituto Onça Pintada (IOP) e tem por objetivo investigar e monitorar, a longo prazo, os peixes da bacia do Rio Araguaia, tendo como alvo central a espécie piraíba, que ocupa o topo da cadeia ictiológica. Nove bases com radiofrequência serão instaladas ao longo da divisa de Goiás com o Mato Grosso.

"Prezada comunidade e interessados na pesquisa da piraíba no Rio Araguaia;

Gostaríamos de esclarecer a todos sobre um incidente ocorrido durante nossa pesquisa sobre o comportamento da piraíba no Rio Araguaia. Como é comum em pesquisas científicas, nem sempre os resultados são previsíveis. Lamentavelmente, registramos o óbito de duas piraíbas marcadas com transmissores de telemetria.

O Projeto Piraíba tem como objetivo pesquisar os movimentos desses peixes para identificar áreas críticas para seu ciclo de vida, como locais de desova e crescimento. Essas informações são essenciais para o manejo, definição de épocas de defeso e adoção de medidas de conservação. Até o momento, marcamos mais de 200 peixes com tags e 22 com radiotransmissores. Infelizmente, 02 (duas) piraíbas marcadas em setembro de 2023 vieram a óbito após a liberação. No entanto, em setembro do mesmo ano, conseguimos rastrear com sucesso diversos peixes marcados, incluindo indivíduos marcados em novembro de 2022.

Além dos dois peixes marcados que vieram à óbito, outros não marcados, sem relação com as atividades do projeto, também foram encontrados mortos no mesmo período. Reconhecemos que, além das lacunas em nosso conhecimento sobre o comportamento da piraíba, ainda não avaliamos completamente os efeitos da captura pela pesca, manuseio e a mortalidade resultante da marcação eletrônica.

A perda de peixes é um efeito indesejado em projetos de pesquisa científica, e estamos comprometidos em atenuar, minimizar e evitar esses efeitos com base em nossa experiência técnica e conhecimento prévio. Nossa equipe está empenhada em investigar as causas que levaram ao óbito desses dois indivíduos.

Desde o início do projeto, estamos empenhados em manter vocês informados sobre os resultados de nossa pesquisa e reforçamos nosso compromisso com a conservação dos peixes e ecossistemas do Rio Araguaia.

Agradecemos o seu interesse contínuo e apoio.
Instituto Piraíba"

 

"A propósito da solicitação de informações do jornal O Popular, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás esclarece:

- A Semad foi informada de que os chips encontrados nos peixes fazem parte de pesquisa desenvolvida na região.

- Por se tratar de um rio federal, os responsáveis pela pesquisa carecem de autorização do governo federal, via ICMBio.

- A fiscalização da Semad acompanha e continuará a acompanhar o caso. 

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