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Pesquisa realizada em Anápolis alcança destaque internacional

Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) faz descoberta de nova espécie de falso escorpião

21 de agosto de 2023

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Recentemente o Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) foi destaque na mídia nacional em decorrência da descoberta de uma nova espécie de falso escorpião, encontrada no Parque Natural Municipal das Orquídeas José Pinheiro de Souza, em Piracanjuba. Os estudantes Jéssica Silva dos Reis e Edwin de Jesus Bedoya Roqueme, do mestrado em Recursos Naturais do Cerrado, e Renata de Freitas Barroso, do mestrado em Ambiente e Sociedade foram os autores da descoberta. 

No início do ano, uma outra notícia também fez referência as pesquisas, de que o coordenador do Laboratório, Everton Tizo Pedroso, havia sido homenageado com a denominação de uma nova espécie de escorpião descoberto por dois pesquisadores no departamento de Córdoba, na Colômbia; o que demonstra a importância dos estudos realizados no município, a relação e a contribuições com outras pesquisas em diversos países, e impacto direto da ciência na sociedade. 

Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia, Everton Tizo Pedroso possui mestrado e doutorado em Ecologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, pela mesma instituição. É professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás desde 2010. Desde 2014 é representante do Comitê Institucional de Pesquisa da UEG e integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (Ciências Ambientais) e em Recursos Naturais do Cerrado da UEG. Foi bolsista do Programa de Incentivo à Pesquisa da Universidade Estadual de Goiás e foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG no período de abril de 2019 a julho de 2021. 

Em entrevista ao DM Anápolis, ele falou sobre o Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos da UEG, as pesquisas desenvolvidas e a importância das descobertas. “Conhecemos pouco sobre a diversidade de aracnídeos no cerrado goiano. Esses animais são, em sua grande maioria, inofensivos à população, porém fundamentais para o equilíbrio das redes tróficas e para o controle das populações de outros invertebrados, como os insetos”, explica. 

 

O que é o laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos, da UEG? Como ele funciona? É de um curso específico? Ou vários cursos utilizam?

O Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos está sediado no Câmpus Central da UEG e vincula-se ao curso de graduação em Ciências Biológicas, do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede e aos cursos do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado e Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade. Está estruturado em dois ambientes, sendo um ambiente dedicado para a realização de estudos ecológico-comportamentais, enquanto o segundo ambiente constitui a coleção biológica de espécies de aracnídeos. Atualmente, o laboratório mantém mais de 100 espécies de aracnídeos dos diferentes biomas brasileiros. O acervo biológico do cerrado conta com espécies de aranhas, escorpiões, falsos escorpiões e opiliões. É utilizado para estudos sobre diversidade de espécies.

 

Quem são os pesquisadores, que fazem parte do laboratório?

O Laboratório é coordenador por mim, que sou doutor em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, e recebe estudantes de graduação, mestrado e doutorado. O laboratório também conta com a colaboração de pesquisadores parceiros de outras instituições, que atuam no desenvolvimento de pesquisas envolvendo aracnídeos.

 

Pode falar um pouco sobre as pesquisas que são desenvolvidas?

O laboratório disponibiliza infraestrutura para o desenvolvimento de estudos em duas linhas de pesquisa. A primeira linha de pesquisa aborda estudos em favor do conhecimento da biodiversidade de aracnídeos do Cerrado goiano. Já a segunda linha objetiva compreender como os impactos antrópicos e as transformações ambientais interferem na ecologia e o comportamento desses animais. Por exemplo, um estudo em fase inicial, na primeira linha de pesquisa, busca estimar a diversidade de falsos escorpiões no estado de Goiás. Enquanto, na segunda linha de pesquisa, estamos finalizando um estudo que visa compreender como as mudanças climáticas modificam a distribuição dos escorpiões, podendo implicar em maiores riscos de acidentes e envenenamento pela população.

 

Qual a importância das pesquisas desenvolvidas no laboratório? As descobertas resultam em quais ações?

O Cerrado é um hotspot da biodiversidade. Isso significa que o bioma possui importante diversidade de espécies, porém com uma fração delas sendo endêmicas do Cerrado e ameaçadas de extinção devido à intensa e rápida transformação dos ambientes naturais. Contudo, ainda conhecemos pouco sobre a diversidade de aracnídeos no cerrado goiano. Esses animais são, em sua grande maioria, inofensivos à população, porém fundamentais para o equilíbrio das redes tróficas e para o controle das populações de outros invertebrados, como os insetos. Além disso, os aracnídeos servem de alimento para répteis, aves e pequenos mamíferos. Assim, um ramo de ações do laboratório busca contribuir para a conservação da biodiversidade do cerrado, enquanto, paralelamente, o segundo ramo pretende atuar com métodos de controle de espécies de importância médica e prevenção de acidentes e envenenamento.

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