Mortandade de abelhas ligada à pulverização de defensivos preocupa também em Goiás
Pesquisador aponta morticínio em pesquisa realizada em laranjal goiano e contaminação do mel em testes; extermínio de abelhas chama a atenção mundialmente; BASF fala a respeito
17 de janeiro de 2024
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A mortandade de abelhas ligada a pulverização de agrotóxicos em Goiás é fator de preocupação e pouco estudada. A morte de abelhas por causa de defensivos agrícolas que tem sido denunciada em outros estados não é quantificada em Goiás, mas ela existe.
O fato é que, se há uso de defensivos agrícolas como o fipronil e o glifosato, então há morte e contaminação de abelhas nas proximidades. E esse uso é realidade nas lavouras goianas, com esses dois produtos entrando também como contrabando.
Esta reportagem é a terceira de uma série que o Diário de Goiás preparou especialmente para abordar as implicações do consumo de agrotóxicos em Goiás e no Brasil.
Os pesquisadores locais abordam o problema como uma “morte lenta ou não” no caso do fipronil. Ou seja, quando ele é usado, ou mata as abelhas imediatamente, ou extermina lentamente, minando de forma gradativa a capacidade de reprodução de colônias inteiras.
Esse agrotóxico, especialmente, causa intoxicação aguda e morte instantânea de abelhas quando usado em grandes quantidades. Em pequenas quantidades, classificadas como “não-letais de imediato”, o mesmo produto diminui o vigor das abelhas, gera perda de resistência e a morte de rainhas.
Assim, vai matando as colônias paulatinamente, explica ao Diário de Goiás o doutor em biologia celular, Pedro Vale de Azevedo Brito, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele se dedica a estudar os efeitos dos agrotóxicos sobre o sistema digestivo das abelhas.
O fipronil é indicado contra o bicudo do algodão, a larva-alfinete no milho, a lagarta-elasmo na soja, por exemplo. Mas aparece domesticamente em mata-moscas e até coleiras de cães e gatos contra pulgas e carrapatos.
Ele foi banido na Colômbia, Costa Rica e maior parte da Europa. Mas o uso corre livre em mais de 90% do Brasil , especialmente após a liberação pelo governo de Jair Bolsonaro, em 2020, de uma “nova versão” do produto.
O governo passado se destacou pelo recorde na aprovação de defensivos e um óbito por intoxicação por agrotóxicos a cada três dias, segundo levantamento jornalístico da Agência Pública. O professor Pedro Vale acrescenta que resultados de análises em laboratório realizadas nas suas pesquisas não deixaram dúvidas também sobre o perigo de outros agrotóxicos.
“O glifosato, por exemplo, é tido como inofensivo para abelhas, mas fornecemos ele em baixíssima quantidade para elas e percebemos alterações na parede intestinal das abelhas”, salienta Pedro Vale. Ele é especialista em biologia celular.
Essas alterações, explica o professor, foram identificadas como infecção gerada pelo defensivo. Com mais dois colegas, ele participa de pesquisa na região de Itaberaí que aponta para a necessidade de monitoramento e sobre o cenário.
Leia a matéria completa no link Mortandade de abelhas ligada à pulverização de defensivos preocupa também em Goiás (diariodegoias.com.br)
Foto/Créditos: Rede Brasil Atual