Bernadete Pacífico, liderança quilombola da Bahia, é assassinada
Segundo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, terreiro onde liderança estava foi invadido por criminosos, na região de Salvador. Filho dela também foi assassinado há 6 anos.
05 de setembro de 2023
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Bernadete Pacífico, de 72 anos, liderança quilombola baiana e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), foi assassinada a tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, na noite desta quinta-feira (17).
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, dois homens, usando capacetes, entraram no imóvel onde estava Bernadete na cidade de Simões Filho, e efetuaram disparos com arma de fogo.
Segundo o filho de Bernadete, Wellington dos Santos, em entrevista à TV Bahia, na manhã desta sexta-feira (18), a mãe foi assassinada com tiros no rosto.
A SSP disse ainda que as polícias Militar, Civil e Técnica, após tomarem conhecimento do fato, iniciaram de imediato as diligências e a perícia no local para identificar os autores do crime. A secretaria ainda repudiou o crime.
O quilombo Pitanga dos Palmares, que era liderado por Bernadete, também é responsável por uma associação onde mais de 120 agricultores produzem e vendem farinha para vatapá, além de frutas e verduras como abacaxi, banana da terra, inhame e maracujá. Cerca de 290 famílias vivem no local de 854 hectares. O quilombo foi certificado em 2004, mas ainda não teve o processo de titulação concluído.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), disse que recebeu "com pesar e indignação" a notícia da morte de Mãe Bernadete, a quem chamou de "amiga e grande liderança quilombola da Bahia". Ele ainda afirmou que determinou o deslocamento imediato das forças de segurança para o local e que elas sejam firmes na investigação.
Mãe Bernadete, como era conhecida, é ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da cidade de Simões Filho, durante a gestão do prefeito Eduardo Alencar (PSD), entre 2009 e 2016, e líder da comunidade quilombola do mesmo município.
Segundo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, criminosos invadiram o terreiro onde Bernadete estava. "O racismo religioso mata e produz violências reais", escreveu a ministra.
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, também determinou o envio de uma equipe da pasta até o local do assassinato.
Segundo a Conaq, Bernadete era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo. Ele era líder da comunidade Pitanga dos Palmares e foi assassinado há 6 anos.
"Atuava na linha de frente para solucionar o caso do assassinato do seu filho Binho e bravamente enfrentou todas adversidades que uma mãe preta pode enfrentar na busca por justiça e na defesa da memória e da dignidade de seu filho."